segunda-feira, 12 de abril de 2010

Ego da água


No reflexo da alma


Na água viva


Via-se apenas vultos


Reflexo de fragmentos da realidade


Distorcida de seu próprio espelho


Ali conjugava o seu verbo


Tirava fotos de um único ângulo


Desenhava os mesmo traços


Ouvia o mesmo disco arranhado


Até que um dia esse espelho abriu a boca e a engoliu


Restou o seu próprio verbo a conjulgar-se


Fotos de seu próprio ângulo


Desenhar o seu próprio modelo


Ouvir sua própria música


Nessa distorção


Confundiu braços com pernas


Várias faces de um mesmo ser.


Afogou alguns com sua própria água,


libertou outros que ali se afogavam


e deu a luz a uma pequena menina


Na água do parto,


partiu,


afogou e morreu.


Então sentiu o pulsar da vida e se viu na menina que acabara de dar a luz


Seu choro ecoava entre os cantos do mundo




Da lágrima que caiu dos olhos da menina


No canto do seu nascer


Foi libertada


E vomitada da boca de seu espelho.


2 comentários:

Inês disse...

Oi! Parabéns pelo blog, pelos miso espelho e pelos mistérios das águas...
Um beijo!
Inês.

Marcelo Mayer disse...

esquizofrenia poético. gosto disso!