No reflexo da alma
Na água viva
Via-se apenas vultos
Reflexo de fragmentos da realidade
Distorcida de seu próprio espelho
Ali conjugava o seu verbo
Tirava fotos de um único ângulo
Desenhava os mesmo traços
Ouvia o mesmo disco arranhado
Até que um dia esse espelho abriu a boca e a engoliu
Restou o seu próprio verbo a conjulgar-se
Fotos de seu próprio ângulo
Desenhar o seu próprio modelo
Ouvir sua própria música
Nessa distorção
Confundiu braços com pernas
Várias faces de um mesmo ser.
Afogou alguns com sua própria água,
libertou outros que ali se afogavam
e deu a luz a uma pequena menina
Na água do parto,
partiu,
afogou e morreu.
Então sentiu o pulsar da vida e se viu na menina que acabara de dar a luz
Seu choro ecoava entre os cantos do mundo
Da lágrima que caiu dos olhos da menina
No canto do seu nascer
Foi libertada
E vomitada da boca de seu espelho.
2 comentários:
Oi! Parabéns pelo blog, pelos miso espelho e pelos mistérios das águas...
Um beijo!
Inês.
esquizofrenia poético. gosto disso!
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